Denominado AR-ctDETECT, o método consegue detectar e analisar o DNA tumoral circulante (ctDNA) no DNA livre de células plasmáticas (cfDNA)

Um estudo que envolveu equipes da University of Minnesota e da Duke University, ambas nos EUA, desenvolveu um teste de sequenciamento de DNA para indivíduos com câncer de próstata avançado que pode determinar se o prognóstico para a doença é ruim ou favorável.
Denominado AR-ctDETECT, o método consegue detectar e analisar o DNA tumoral circulante (ctDNA) no DNA livre de células plasmáticas (cfDNA). Foram estudadas 776 amostras de sangue de um ensaio clínico de fase 3 de homens que apresentavam câncer de próstata avançado. O método identificou o ctDNA em 59% dos indivíduos com a doença em estágio metastático (ctDNA-positivo). Nos demais, o ctDNA não foi detectado (ctDNA-negativo). Segundo os pesquisadores, o primeiro grupo apresentou sobrevida de aproximadamente 29 meses, enquanto no outro as perspectivas foram mais favoráveis, com sobrevida de 47,4 meses.
“O ensaio AR-ctDETECT é um painel abrangente focado em genes relevantes para o câncer de próstata e resistência hormonal, particularmente o receptor de andrógeno e alterações estruturais críticas não detectadas atualmente por outros testes comerciais”, diz Andrew Armstrong, coautor do estudo, oncologista e professor da Faculdade de Medicina da Duke University. Segundo ele, incorporar o perfil genômico na tomada de decisões pode aprimorar estratégias de tratamento personalizado e informar o desenvolvimento de futuros testes clínicos.
“Nossa equipe demonstrou a capacidade de identificar efetivamente grupos distintos de pacientes com base em seus perfis genômicos. É o primeiro estudo a demonstrar, dentro de uma coorte de fase 3, que pacientes com câncer de próstata metastático com ctDNA positivo tratados com terapias padrão tiveram pior sobrevida global em comparação com pacientes com ctDNA negativo”, acrescenta Susan Halabi, coautora e professora de Bioestatística na Faculdade de Medicina da Duke University.
Terapia hormonal
De acordo com o estudo, os métodos padrão de tratamento para pacientes com câncer de próstata avançado incluem terapias que inibem o receptor de andrógeno (AR) – fator de transcrição essencial para a homeostase e sobrevivência das células do câncer de próstata. No entanto, a doença pode não responder a essa terapia e evoluir para câncer de próstata metastático resistente à castração (mCRPC), forma agressiva da doença e responsável pela maior número de mortes associadas a ela.
Como a maioria dos casos de mCRPC permanece dependente do receptor de andrógeno, podem ser usados medicamentos que se ligam ao AR e o inibem ou previnem sua síntese. Mas, de acordo com o estudo, cerca de 20% a 30% dos pacientes com mCRPC apresentam resistência a esses fármacos. Nesse caso, podem ser empregadas outros tipos de quimioterapia que também apresentam benefícios comprovados de sobrevivência. Além disso, características específicas de tumores mCRPC podem ser usadas em outras terapias direcionadas.
“O teste AR-ctDETECT mostra como ele pode ser valiosos para ajudar os médicos a entender melhor o câncer de um paciente e prever como a doença irá progredir, levando a planos de tratamento mais personalizados”, conclui Scott Dehm, coautor e professor dos departamentos de Urologia e de Medicina e Patologia da University of Minnesota.
O artigo AR alterations inform circulating tumor DNA detection in metastatic castration resistant prostate cancer patients foi publicado em 11 de dezembro de 2024 em Nature Communications.